terça-feira, outubro 24, 2006

Portugal e o mar... (parte I)

Todos nós somos confrontados diariamente com expressões relacionadas com a imensidão oceânica, esse formidável elemento da Natureza que cobre uma grande parte do nosso planeta (que estranhamente foi baptizado de Terra...e não planeta Água ou mesmo planeta Mar...). Portugal, fruto da sua privilegiada relação com o mar, acabou por enraizar as tais expressões no vocabulário corrente, mas mais que isso, adquiriu certos hábitos sociais igualmente relacionados com o mar.

Arriscaria a dizer que pela boca morre o peixe quando vejo alguns tubarões (que julgam controlar a arraia miúda) perder certos combates...No entanto, os primeiros são predadores, e os outros são invariavelmente dominados pela voracidade que caracteriza quem tem o poder. De facto, é frequente ver esses tubarões contarem histórias de pescador como o padre António Vieira no seu sermão aos peixes, mas no fim, a união faz a força e o cardume acaba por fazer esses tubarões dar à costa . É também frequente ver esses tubarões andarem à pesca na expectativa de convencer alguns, lançando as suas redes de pesca com palavras mansas e discursos convincentes, e por vezes acabam por levá-los em maré alta.

Por outro lado, alguma arraia miúda é lançada literalmente aos tubarões, travando combates injustos e sempre com o mesmo triste fim...É o que acontece quando perguntamos a um predador com um apetite voraz se se quer deliciar com um pouco de
ovas de estrujão (vulgo caviar).
É que enquanto alguns andam por aí a pescar à linha, e acabam por consegui-lo com alguma dificuldade, chegam os outros que andam à caça da baleia e dominam tudo com incrível facilidade.

A verdade é que por mais que os velhos lobos do mar apelem à serenidade e à calma social, tentando restituir alguma paz e ordem e evitar as águas agitadas, há sempre um que se intitula o rei pescador ou o timoneiro desta embarcação que tenta levar a bom porto os destinos deste país. No fundo, trata-se do escolhido pela arraia miúda, mas uma vez que este cardume está mais preocupado a escapar dos anzóis, tudo o que o timoneiro possa dizer ou fazer nunca será suficiente para suster as marés vivas.

Parece-me também evidente que o país está mergulhado numa situação do tipo nem tanto ao mar nem tanto à terra, qual náufrago à deriva à espera de correntes marítimas vindas do Norte da Europa que acabam por ser as nossas bóias de salvação e nos vão permitindo andar à tona da da água.
Devemos pois ter a consciência de que há mais marés que marinheiros e um dia as referidas correntes marítimas mudam...
Vamos todos recuperar a coragem e a ousadia de outros tempos e navegar por mares nunca antes navegados provando ao mundo que ainda merecemos algum reconhecimento e destaque!!
Deixemo-nos de navegar em água salobra e deixemo-nos de ser marinheiros de água doce...
Lembremo-nos que um dia é da caça e outro dia é do "pescador" e pode ser que assim possamos chegar um dia a um ponto em que deixamos de
vender o peixe ao preço que compramos...
Vamos todos lutar por um estatuto em que interiorizamos a velha máxima do
não lhe dês o peixe, ensina-o antes a pescar...

Vamos lutar por levar esta nação a um porto seguro sem naufragar ou meter água...afinal de contas, somos um país com mais de 500 anos de tradições e expressões ligadas ao mar...

2 comentários:

Anónimo disse...

grande coisa... isso do mar. o mar nao é mais do que um lago grande

Madeiras disse...

bem...se por acaso andar a meter água, pelo menos não irei sozinho.
Trato logo de "amandar" uns papos ao ar e dou uma banhada ao capitão borboto!

Ó capitão...um lago grande?! Volte lá para a sua camisolinha de lã antes que eu chame as fibras sintéticas para darem cabo de si...